Nascida e criada no bairro do Bom Pastor, em Belford Roxo, a diretora Karla Gabriela, prova cada dia que nasceu para conquistar e está no to...
Nascida e criada no bairro do Bom Pastor, em Belford Roxo, a diretora Karla Gabriela, prova cada dia que nasceu para conquistar e está no topo. Ela viveu a adolescência pegando seis ônibus por dia para poder seguir o sonho de se tornar artista, quando se deslocava até a Faetec de Quintino, na Zona Norte do Rio, onde fazia cursos na Escola de Teatro.
Com muito esforço e dedicação à carreira, a jovem conseguiu um feito: foi a primeira da família a ingressar no nível superior, quando estudou Direção Teatral na UFRJ, de 2018 até o ano passado. Hoje, com 26 anos, Karla não para de conquistar: conseguiu uma bolsa para um curso de teatro e performance na Universidade de Edimburgo, na Escócia. Ela embarca no avião hoje (04), rumo a Europa.
Apesar da bolsa, contou com a ajuda de amigos e parentes que contribuíram através de uma vaquinha. O curso de verão vai de 7 a 19 de agosto e a viagem engloba, ainda, a participação no Fringe de Edimburgo, maior festival de artes do mundo, que acontece por lá também neste mês.
Hoje morando no Centro do Rio, mesmo longe, ela não esquece suas raízes na Baixada Fluminense. Diretora do espetáculo “Encruzilhadas”, que teve ingressos esgotados durante a estreia no Teatro Gonzaguinha, no Centro do Rio, em julho, a sua ideia é poder levar a peça para novos públicos quando voltar de viagem, em setembro.
"O espetáculo é dirigido por uma mulher da Baixada, encenado por duas mulheres do Subúrbio. É de uma força muito grande e a gente quer levá-lo para o mundo, principalmente para os lugares de onde viemos", conta Karla Gabriela, que trabalha com as amigas e atrizes que atuam na peça, Bia Laere e Lucília Costa. O principal objetivo como artista é tocar no coração de ao menos uma pessoa na plateia.
Formada em colégio estadual e por universidade federal, Karla vê o acesso ao curso na Faetec, de forma gratuita, como essencial para que conseguisse realizar o seu sonho.
"Eu sou um ponto fora da curva. Ninguém da minha família é do meio artístico, e, quando decidi (por essa carreira), foi muito aleatório. Eu nunca sequer tinha ido ao teatro, foi algo que veio na minha cabeça e ficou. Eu não tinha dinheiro de pagar curso, e, se não fosse gratuito, eu não faria", desabafa.
A Escola de Teatro da Faetec, que se tornou a sua “segunda casa”, apresentou para Karla o mundo, através dos professores, que descreve como "maravilhosos", por sempre darem apoio e acreditarem nos sonhos dos futuros artistas. Agora já diretora, ela vê que pode ser, para aqueles que viveram realidades como a de onde ela veio, uma inspiração:
"Às vezes, a vontade existe, mas (a pessoa) não tem o acesso para fazer a aula. Parece muito, muito distante. Mas quando a gente tem acesso, vê que não é tão distante assim".
Via Extra