Além da alta no preço dos alimentos e do combustível, outro grande fator vem comprimindo o orçamento das famílias de baixa renda. O gás de c...
Com base em dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Jornal Extra fez um levantamento, onde é possível ver que, em janeiro deste ano, o botijão era vendido em média por R$ 102,41 — 8,45% do salário mínimo de 2022, de R$ 1.212, e o dobro do auxílio-gás do governo federal, de R$ 52. É o maior percentual desde abril de 2007, quando era encontrado por R$ 33,03 em média, em valores da época — 8,69% do salário mínimo daquele ano, de R$ 380. O cálculo considerou o preço do GLP no mês da correção anual do salário mínimo.
O botijão pesa especialmente para os mais pobres, que muitas vezes vivem em regiões que carecem de serviços estruturados de gás encanado. Porém, mesmo com o predomínio do gás de botijão nessas áreas, os sucessivos reajustes impactam o faturamento e o fluxo de venda de pequenos e médios revendedores que atuam no comércio local.
Alberto Dias, que comanda revendedoras de botijão em Niterói, Nova Iguaçu, Mesquita e Paraty, parou de conter os reajustes em outubro de 2021, e hoje tem que repassar integralmente os aumentos aos consumidores, com medo de fechar as portas. O botijão está sendo vendido a R$ 105, direto na portaria, ou R$ 125, com entrega em domicílio — aumento de R$ 30,00 ante 2021.
— Tivemos que segurar por causa da concorrência, mas agora não tem como vender abaixo do preço de custo, porque fica inviável. Quando a gente parou para fechar as contas, não deu para pagar as despesas de forma que comporte todos os gastos.
GLP ainda tem preço competitivo
O peso do gás de botijão no salário mínimo, que hoje beira os 9%, pode ser explicado por uma combinação de fatores, segundo especialistas. Além da escalada da cotação do dólar, em 2022, outro ponto que explica os constantes reajustes é a invasão da Ucrânia pela Rússia, desde fevereiro.
Boa parte do gás consumido no Brasil é importado, e o dólar próximo a R$ 5 encarece o custo de importação, repassado ao consumidor final. Em 2022, a invasão da Ucrânia, envolvendo dois dos maiores exportadores de gás, contribuiu para os saltos nos preços.
Via Extra