Nos oito primeiros meses do ano, o endividamento dos consumidores cresceu, e a proporção de famílias com dívidas alcançou novo recorde histó...
Nos oito primeiros meses do ano, o endividamento dos consumidores cresceu, e a proporção de famílias com dívidas alcançou novo recorde histórico de 72,9% em agosto, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O estudo ainda revelou que os mais pobres se endividam para comprar alimentos e produtos de higiene.
No último trimestre de 2020 foi quando a situação começou a piorar: as fragilidades no mercado de trabalho formal, o elevado nível de desocupação no setor informal e a inflação elevada contribuíram para a maior contratação de dívidas pelas famílias.
A parcela média da renda comprometida com dívidas chegou a 30,4% da renda familiar. Segundos os dados, 25,6% estão com dívidas ou contas em atraso e 10,7% dizem que não terão condições de pagar.
O cartão de crédito segue sendo o maior vilão. Embora ofereça as maiores taxas de juros, desde maio, ele vem cada vez mais sendo utilizado. O percentual de endividados nesse meio de pagamento está quase cinco pontos percentuais acima do patamar de fevereiro de 2020, antes da decretação da pandemia.
Enquanto as famílias de renda mais alta, acima de dez salários mínimos, estão utilizando mais o cartão de crédito no consumo de serviços, as famílias mais pobres, com o orçamento apertado, fazem uso do recurso para aquisição de itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de higiene.
A alta dos juros amplia o risco para o acirramento desses indicadores à frente. Os crédito mais caro e as despesas essenciais elevadas podem restringir ainda mais a capacidade de consumo das famílias em geral.
Endividamento e inadimplência são situações diferentes, mas relacionadas. À medida que se aumentam os compromissos com dívidas, além das despesas correntes e do dia a dia, e se acirra o comprometimento da renda, o risco de inadimplência também cresce.
Em outras palavras, qualquer pessoa que use o cartão de crédito, tenha um financiamento imobiliário, use carnê é endividada. Aqueles que não dão conta de honrar os pagamentos em dia é que são chamados de inadimplentes.
O Banco Central considera que o superendividamento quando um consumidor fica impossibilitado de pagar suas dívidas atuais e futuras com a sua renda e seu patrimônio. Em decorrência, enfrentam dificuldades de suprir suas necessidades básicas, como alimentação, moradia e saúde, podendo ocasionar transtornos psicológicos, familiares e sociais.
Na Peic, o percentual de famílias inadimplentes com pagamentos em atraso acima de 90 dias está em queda desde dezembro do ano passado e chegou a 42,2% em agosto. Isso indica que, de certo modo, os consumidores inadimplentes estão conseguindo quitar seus compromissos em aberto em menos tempo ou antes de três meses.
Via Extra