A Defensoria Pública do estado do Rio pediu à Justiça a extinção das medidas de internação de sete adolescentes que relataram terem sofrido ...
A Defensoria Pública do estado do Rio pediu à Justiça a extinção das medidas de internação de sete adolescentes que relataram terem sofrido abusos sexuais no Centro de Socioeducação Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, na Ilha do Governador. A solicitação foi feita durante audiência realizada no último dia 30. A juíza Lúcia Mothé Glioche determinou que o pedido seja incluído nos processos de cada uma das meninas para que avalie cada caso individualmente.
Na mesma decisão, a magistrada determinou o afastamento do diretor da unidade e de dois agentes socioeducativos - dois deles acusados pelas jovens de cometerem os abusos. O defensor público Rodrigo Azambuja, um dos responsáveis pelo pedido, avalia que a extinção das medidas é extremamente necessária e afirma que as adolescentes não devem permanecer internadas.
- Ali (nas unidades do Degase) é um local também para que essas adolescentes tenham bons exemplos. O Estado deu o pior dos exemplos para elas, então a internação perdeu por completo seu sentido pedagógico - explica o defensor.
No fim de semana, Azambuja esteve na unidade para onde foram transferidas as 19 adolescentes que estavam no Centro de Socioeducação Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, na Ilha. Nesta segunda-feira, a juíza Lúcia Glioche também esteve no local para uma inspeção. As meninas foram levadas para uma unidade na Ilha, que abrigava meninos de 12 a 14 anos.
Em audiência no próximo dia 15, a magistrada decidirá se as adolescentes permanecem na unidade ou se serão transferidas para outro local. Aquelas que tiverem a medida de internação extinta, conforme pedido da Defensoria Pública, deverão ser soltas.
As adolescentes internadas no Centro de Socioeducação Professor Antônio Carlos Gomes da Costa relataram abusos sexuais e assédios de pelo menos dois agentes socioeducativos - Edilson Mendes de Araújo e Alisson Barreto. Algumas delas disseram que mantiveram relações sexuais com eles. Edilson, segundo o relato, chegava a oferecer acesso a celulares, balas e lanches em troca de ver partes íntimas, de sexo oral e de "passadas de mão". Há suspeitas de que o diretor da unidade feminina, Leonardo Lúcio de Souza, além de outros dois agentes, também sabiam dos assédios sofridos pelas jovens. Todos foram afastados de seus cargos por determinação da juíza Lúcia Glioche.
Por causa das denúncias, o diretor do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), major Márcio Rocha, e o corregedor da pasta, Douglas Ultramar, foram exonerados de seus cargos na sexta-feira Rocha foi substituído pelo tenente-coronel Marcelo Ramos do Carmo. O caso foi revelado inicialmente pela TV Globo.
Via Extra