Depois de a Petrobras ter anunciado, na terça-feira (dia 6), uma alta de quase 6% no gás liquefeito de petróleo (GLP) para as distribuidoras...
Depois de a Petrobras ter anunciado, na terça-feira (dia 6), uma alta de quase 6% no gás liquefeito de petróleo (GLP) para as distribuidoras, os revendedores de botijões de 13kg se dividiram. Com a margem de lucro já muito baixa, alguns resolveram repassar logo o aumento aos consumidores finais, a partir desta quarta-feira (dia 7). Uma pesquisa feita pelo Jornal EXTRA já encontrou botijões à venda por até R$ 90. Os comerciantes, no entanto, estão ouvindo muitas reclamações de clientes. Outros, para não perderem vendas, optaram por incorporar o custo extra aos gastos dos estabelecimentos.
João Santos, de 52 anos, proprietário da Guerenguê Gás, na Taquara, na Zona Oeste do Rio, conta que vendia o botijão de 13kg a R$ 62 no início do ano. Com os recorrentes aumentos, já cobrava R$ 75 para retirada em loja, mas pretende aumentar o valor para R$ 78, a fim de cobrir o custo maior. Em Madureira, na Zona Norte, deve acontecer o mesmo: o botijão vendido a R$ 80 deve ter um aumento de R$ 3.
— Trabalho nesse ramo há 23 anos e não se via tantos aumentos em um espaço de tempo tão curto. Já tem cliente que fala em construir um fogão a lenha em casa, porque o valor do botijão está muito alto para o orçamento — conta Santos.
Segundo fontes do setor, neste ano, o preço do gás de botijão acumula alta de 38%. O mais recente aumento é o primeiro desde quando o general Joaquim Silva e Luna tomou posse como presidente da Petrobras, em abril.
Dono da Kesgás, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, Thiago Cabral, de 35 anos, resolveu incorporar o aumento aos seus gastos fixos, com receio de perder a clientela. Ele manteve o preço de venda em R$ 85. O motivo é a concorrência desleal dos clandestinos. Se anos atrás ele conseguia ter uma margem de lucro de R$ 25, hoje não passa de R$ 9 por botijão.
— Estou segurando esse prejuízo porque se não o cliente "chora". Enquanto eu tenho custos com produto, aluguel de loja, funcionário, conta de luz e contador, tem muito clandestino vendendo mais barato porque não paga imposto nem nada disso. O cliente sequer desconfia, porque esses vendedores irregulares também têm imãs de geladeira e entregam em casa. O certo é pedir o cupom fiscal, mas as pessoas não se preocupam e correm para onde está mais barato — reclama Cabral.
Américo Luiz Gonçalves, de 45 anos, proprietário da Amigo do Gás, também em Nilópolis, resolveu aumentar o valor cobrado dos clientes de R$ 85 para R$ 90 nesta semana. Como consequência, viu as vendas — que costumavam ser de 30 botijões por dia — caírem à metade.
— Tem gente que não é legalizado vendendo o botijão por R$ 80. É complicado — desabafa o empreendedor: — O que me segura é que eu também vendo galão de água de 20 litros. Aí compensa, de certa forma.
Via Extra