Uma ferramenta que permite o monitoramento da produtividade de policiais em tempo real fez disparar o número de abordagens feitas pelos agen...
Uma ferramenta que permite o monitoramento da produtividade de policiais em tempo real fez disparar o número de abordagens feitas pelos agentes do programa Segurança Presente nos últimos meses. O número total, somando as 31 bases no estado, pulou de 55.478 em janeiro para 132.657 em março, aumento de 139%. O maior salto ocorreu em Ipanema, Zona Sul do Rio, onde as abordagens de veículos aumentaram mais de 80 vezes, passando de 18 para 1.455. Isso significa que os policiais paravam, em média, um carro a casa dois dias. Agora, são 47 veículos checados a cada 24 horas.
Já na abordagem de pessoas, a base do Leblon, na Zona Sul, foi a que teve o maior crescimento, passando de 30 em janeiro deste ano para 1.274 em março. Diariamente, uma pessoa era abordada na região. Após o início do uso da ferramenta , o número subiu para 41. Já em números absolutos, a base que lidera o ranking é Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Foram 19,5 mil carros e 22,8 mil pessoas abordadas nos três primeiros meses de 2021 — total de 42,4 mil no período. O crescimento, comparando janeiro com março, foi de 87,6%. Os dados foram fornecidos ao EXTRA pelo Segurança Presente.
O atual coordenador do programa, tenente-coronel Rodrigo Laviola, explica que o desenvolvimento da ferramenta — batizada de Hórus — foi uma necessidade identificada por ele ao assumir o cargo no ano passado . A plataforma entrou no ar em dezembro e vem tendo o uso aprimorado. Atento ao aumento expressivo das abordagens, Laviola ressalta que os dados da atividade de cada policial são acompanhados.
O intuito é monitorar não só o número de abordagens, mas também a efetividade. A ferramenta permite acompanhar o resultado do trabalho dos agentes, demonstrando quantas pessoas com anotações criminais e mandados de prisão foram paradas e o número de veículos roubados ou furtados encontrados. Os coordenadores de cada base visualizam, em tempo real, as abordagens feitas, local, e policiais envolvidos. A cada abordagem, os PMs inserem os dados que desejam checar na ferramenta. Em uma central , policiais fazem as consultas e inserem o resultado no sistema.
— A ferramenta ajuda os coordenadores na cobrança da produtividade e no direcionamento das ações em cada área. Mas temos uma espécie de auditor que faz uma análise das abordagens e de cada policial. Fazemos essa análise qualitativa. Não basta abordar um grande número de veículos e pessoas e não apresentar nenhuma ocorrência — pontua Laviola.
Baixada no topo do ranking
No ranking das cinco bases que fizeram mais abordagens de janeiro a março, quatro estão na Baixada: Belford Roxo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Magé. As unidades estão entre as com o maior quantidade de agentes também, à exceção de Magé, que tem, em média, um terço do efetivo das demais.
Belford Roxo lidera o ranking com folga, com mais de 42 mil abordagens. Nova Iguaçu, na segunda posição, fez 28, 3 mil.
Entre as bases com maiores crescimentos em abordagens, três da Zona Sul aparecem na lista: Leblon, Ipanema e Lagoa. A da Barra da Tijuca aparece no ranking do número absoluto de abordagens, em 4º lugar, com 14,6 mil, e no de aumento de consultas de veículos, que pulou de 56 em janeiro para 1.506 em março.
Prevenção e ajuda para resolver crimes
Entre janeiro e março, das quase 189 mil pessoas abordadas, 434 (0,22%) tinham mandados de prisão em aberto contra elas. Levadas para a delegacia, 210 ficaram presas. É comum que haja falhas no Banco Nacional de Mandados de Prisão, e pode ocorrer de a ordem de prisão não ser mais válida, por isso é feita nova checagem nas delegacias. Já em relação aos mais de 91 mil veículos checados, 137 (0,15%) eram roubados ou furtados.
O tenente-coronel Laviola não considera os números baixos e ressalta que o programa é ainda preventivo, como também pode ajudar na resolução de crimes com as informações armazenadas. Ele ressalta outro índice, o de pessoas abordadas que possuem antecedentes criminais. Nos três primeiros meses, foram pouco mais de 37 mil, o que corresponde a 20% do total.
— A partir do momento que essas pessoas e veículos são abordados, as informações ficarão no sistema, e isso poderá auxiliar na resolução de crimes ocorridos na região. Assim como uma abordagem pode frustrar que a pessoa cometa algum delito posteriormente, naquele dia — observa.
Detalhes da plataforma
Criação: A ferramenta Hórus foi criada por policiais especialistas em Tecnologia da Informação do próprio programa, sem custo adicional. O nome é uma alusão ao símbolo originário do Egito Antigo, que representa “o olho que tudo vê".
Aperfeiçoamento: Segundo o coordenador do Segurança Presente, a ferramenta ainda passa por aperfeiçoamento para serem incluídos, por exemplo, os atendimentos sociais realizados, além das ações de polícia de proximidade.
Avaliação: Há também um projeto para que a população possa avaliar o atendimento recebido, informação que também será incluída na base de dados.
Ferramenta: O Hórus permite a visualização, com georreferenciamento, das ações de cada base do Segurança Presente, possibilitando que cada coordenador visualize por horário e local como estão trabalhando os agentes. Os policiais têm acesso ao sistema pelo celular, apenas enquanto estão de serviço. Ao término do horário de plantão, não conseguem mais inserir dados.
Via Extra