Mais de 700 pessoas esperam um leito de Covid nas UTIs no estado do Rio. Este é o sexto dia seguido de recorde. Fila de espera: UTI: 710 Enf...
Mais de 700 pessoas esperam um leito de Covid nas UTIs no estado do Rio. Este é o sexto dia seguido de recorde.
Fila de espera:
- UTI: 710
- Enfermaria: 279
- Total: 989 pacientes aguardam por internação
Taxa de ocupação de leitos na rede SUS do estado — Foto: Reprodução/TV Globo
A taxa de ocupação de leitos SUS no estado está em 92% nas UTIs e 79% nas enfermarias, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
Na capital, a taxa é de 95% nas UTIs e 88% nas enfermarias.
Uma mulher relata a angústia para conseguir internar uma pessoa da família.
“Estou com a minha prima Bárbara com Covid. Ela estava desde segunda-feira internada na UPA de Irajá. Na quinta-feira, ela foi intubada porque a situação se agravou. Desde então nós estamos atrás do plantão judiciário para conseguir vaga pra ela de CTI e só hoje, no domingo, às 11h da manhã, é que nós conseguimos uma vaga pra ela no Hospital Estadual Anchieta, no Caju”, diz Bianca Cunha.
Só no domingo (28), a rede SUS do estado recebeu 118 pedidos de internação em UTI.
“É uma variante que infecta muito mais rápido e tem a probabilidade de ser muito mais grave do que a primeira e é o momento de a gente evitar circulação, evitar se expor desnecessariamente. O Rio de Janeiro já tem 1300 pessoas internadas nos hospitais, sendo 670 internadas em um leito de CTI. Então a recomendação é que as pessoas evitem ao máximo a circulação nesse recesso sanitário”, explica o secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz.
No limite da capacidade
Dezesseis cidades no estado não têm mais leitos de UTI. Em algumas, a ocupação está acima da capacidade.
A explicação para alguns municípios como Iguaba Grande e Saquarema registrarem 200% e 158% de lotação, respectivamente, é que originalmente essas cidades não tinham o número de vagas que têm atualmente.
E, mesmo assim, os leitos abertos também já estão todos ocupados.
- Belford Roxo - 100%
- Bom Jesus do Itaboapoana - 100%
- Iguaba Grande - 200%
- Itaguaí - 100%
- Itaperuna - 100%
- Miguel Pereira - 100%
- Miracema - 117%
- Nova Friburgo - 100%
- Paraíba do Sul - 100%
- Quissamã - 110%
- Rio Bonito - 100%
- Rio das Ostras - 109%
- Sapucaia - 100%
- Saquarema - 158%
- Teresópolis - 100%
- Três Rios - 100%
Rede particular
Na rede particular, a situação também é grave. De acordo com a Associação dos Hospitais Particulares, em Niterói, São Gonçalo, na Região dos Lagos, em Vassouras, Barra Mansa, Barra do Piraí e em Volta Redonda já não há mais leitos de UTI.
“O Rio de Janeiro chegou a uma situação bastante preocupante. Temos 95% dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 ocupados. Os 5% de leitos restantes disponíveis não serão suficientes para atender a esta demanda em alta. Para a abertura de novos leitos, nós precisamos de insumos hospitalares, como equipamentos de proteção individual, anestésico e equipes de profissionais de saúde envolvidas no atendimento de pacientes em terapia intensiva", diz Graccho Alvim.
"Ao mesmo tempo, verificamos um crescimento na transmissão do vírus que aumenta os atendimento de urgência e emergência, causando a exaustão dos profissionais envolvidos nesses setores”, completa o médico.
Já para o diretor do Conselho de Regional de Medicina do Estado do RJ (Cremerj), a preocupação é com a escassez do "kit intubação", que reúne medicamentos que permitem que a pessoa seja sedada e intubada sem sofrimento.
“Divulgamos no último dia 23 uma nota técnica em que alertamos para a possível falta de medicações do chamado 'kit intubação', medicações usadas para manter as pessoas sedadas enquanto elas estão acometidas por um caso grave de Covid. Infelizmente, se essas medicações faltarem, será desastroso, pois não teremos como manter o suporte de vida a esses pacientes. Por isso, pedimos aos médicos que economizem essas medicações e os gestores para que tomem as devidas medidas para garantir o seu abastecimento”, falou Yuri Salles.
O Sindicato dos Médicos também alerta para falta de profissionais especializados em Terapia Intensiva.
“O sindicato tem recebido inúmeras denúncias de colegas que têm sido deslocados para outros setores. São da clínica médica, têm que ir pra CTI, enfim, pra conseguir dar um suporte adequado para os pacientes. Uma outra situação também, isso no estado todo, é que faltam médicos pra terapia intensiva. Os colegas têm que estender seus plantões ou ficar com um número maior de leitos, o que é preconizado, mais do que 10 leitos, então é uma situação de exaustão, uma situação que a gente não vê uma luz no fim do túnel”, diz Alexandre Telles, presidente do sindicato.
'Kit intubação'
Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde informou que está fazendo, desde sábado (27) até esta segunda-feira (29), a entrega do "kit intubação' a 22 municípios do Rio.
Entre os itens entregues estão atracúrio, propofol e morfina, medicações fundamentais para o tratamento de pacientes internados em estado grave em UTI.
A pasta não divulgou a quantidade de medicamentos que está sendo distribuída, mas informou que é suficiente para abastecer dezenas de unidades de saúde das cidades fluminenses.
Via G1