Avó de dois dos meninos mostra cartaz e foto que perguntam sobre o paradeiro das crianças, durante reunião na Secretaria de Direitos Humanos...
Avó de dois dos meninos mostra cartaz e foto que perguntam sobre o paradeiro das crianças, durante reunião na Secretaria de Direitos Humanos Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo |
As mães dos três meninos desaparecidos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, há mais de um mês, se reuniram, nesta terça-feira, com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que ofereceu ajuda e uma espécie de proteção às famílias das crianças sumidas, caso julguem necessário. Nenhum dos parentes, no entanto, relatou até o momento ter sofrido qualquer tipode ameaça. O encontro foi intermediado por Bruno Dauaire, secretário estsadual de Desenvolvimento e de Direitos Humanos do Rio, e por Jovita Belfort, superintendente de Enfrentamento de Pessoas Desaparecidas.
Silvia Regina, de 58 anos, avó de dois dos três desaparecidos, reforçou no encontro com a ministra o pedido para que a polícia não pare de procurar os meninos. Ela também informou que uma testemunha chegou a ver Lucas Manhãs da Silva, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10 anos, e Fernando Henrique, de 11 anos, em um feira pouco antes de o trio desaparecer. Ela afastou a hipótese de que os garotos estejam no Morro do Castelar, em Belford Roxo, onde moram.
— Eu estou com muita fé que meus netos vão ser encontrados. Creio que eles vão ser encontrados com vida. Acho que a polícia não nos procurou novamente porque não deve ter nenhuma informação nova. Na comunidade, tenho certeza que não estão. Eles também não foram levados da comunidade. Teve gente que viu os meninos na feira (de Areia Branca). Pode ser que, saindo dali, alguém tenha levado os garotos. Essa pessoa que viu os meninos na feira nos contou isso. Mas, para a polícia, informou que não viu nada — disse.
Lucas, Alexandre e Fernando Henrique estão desaparecidos há 36 dias. De acordo com a polícia, eles teriam sido vistos saindo de uma quadra da comunidade para ir a uma feira comprar ração para pássaros, no Bairro Areia Branca. Nesta terça-feira, Camila Paes Silva, Rana Jéssica da Silva e Tatiana Conceição, mães dos três meninos, estiveram junto com Silvia Regina na Secretaria estadual de Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos, no Centro do Rio. Segundo o secretário Bruno Dauaire, as famílias estão tendo apoio psicológico e assistencial da pasta. Ele também disponibilizou um carro para transportar as mães e avó dos meninos para receberem o atendimento de psicológicos e de assistentes sociais.
— Percebemos a dificuldade financeira e de logística — explicou o secretário.
A vídeoconferência ocorreu sem a presença de jornalistas. Entre as propostas, a ministra Damares teria oferecido subsídios para que as famílias se mudassem do Castelar, caso se sintam ameaçadas de alguma forma. Na próxima segunda-feira, representantes do ministério estarão no Rio de Janeiro para discutir com a Secretaria estadual de Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos outras formas de ajudar as mães das crianças desaparecidas.
O sumiço dos meninos está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. O secretário de Polícia Civil Allan Turnowski adiantou que a principal linha de investigação do caso dá conta de que traficantes possam ter participado do desaparecimento dos três garotos. As três mães também já cederam material genético para saber se o sangue encontrado em roupas abandonadas em uma casa, no Morro do Castelar, pertence a alguns dos desaparecidos. Um exame de DNA foi feito e o resultado ainda é aguardado.
Via O Globo