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O sangue numa camisa que, supostamente, pertencia ao único suspeito do desaparecimento de três garotos em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, não era das vítimas. É o que apontou o laudo do Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense (IPPGF). O material encontrado na roupa foi comparado a amostras colhidas das mães dos garotos, mas o exame constatou que o sangue era, na verdade, da companheira do suspeito – apresentado à polícia pela própria família, após ter sido torturado por traficantes e liberado pelos policiais devido à falta de provas que o conectassem ao desaparecimento.
O caso é considerado atípico pela Polícia Civil. Desde que os três meninos da Baixada Fluminense sumiram, no dia 27 de dezembro de 2020, nenhuma informação sobre o paradeiro foi descoberta. Mais de 40 câmeras de segurança foram analisadas; só que parte delas não salvou as cenas capturadas e o restante não revelou pistas sobre os meninos.
Nesse intervalo, entre o dia do desaparecimento em Belford Roxo e esta quinta-feira (4/2), segundo o relatório da Fundação para a Infância e Adolescência, 29 jovens desapareceram no estado, 23 foram encontrados. Os dados da FIA-RJ mostram que a maior causa de sumiço é a fuga do lar - mais de 60% dos jovens saem de casa por desentendimentos familiares. No entanto, o caso de Lucas, Alexandre e Fernando não se enquadra nesse perfil.
O delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Uriel Alcântara Machado, define a situação como peculiar pela falta de informações envolvendo o desaparecimento em grupo – outro fator definido como pouco comum. Por isso, nenhuma linha de investigação foi descartada.
“Todas as possibilidades continuam em aberto, não há nada de concreto que direcione a hipóteses, exceto esta do tráfico que ganhou peso por uma série de acontecimentos, inclusive pela ausência de informações concretas das crianças fora da comunidade”, explica o delegado. Entre esses acontecimentos está um suposto roubo de gaiola de passarinhos que pertenceria a um parente dos traficantes, fato que teria levado à morte dos garotos.
Para o especialista em segurança pública da FGV, Rafael Alcadipani, é preciso investigar também o possível envolvimento da milícia no caso, já que a organização criminosa expandiu a atuação na Baixada Fluminense. “É um caso que embrulha o estômago. Nessa situação de três crianças juntas, é o que a polícia chama de um caso ‘quadrado’ (que está estranho)”, ressalta.
Lucas Matheus da Silva, 8 anos, Alexandre da Silva, 10 anos, e Fernando Henrique Ribeiro, 11 anos desapareceram na comunidade Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense no dia 27/12/20. As últimas informações conseguidas pela família foram de que eles tinham ido à Feira da Areia Branca, próxima do local onde moram, para comprar ração para passarinho.
Via CNN Brasil