O promotor de Justiça Bruno Corrêa Gangoni, de 42 anos, é o novo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Ga...
O promotor de Justiça Bruno Corrêa Gangoni, de 42 anos, é o novo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ele substitui a promotora Simone Sibilio, que, juntamente com Letícia Emile, estava à frente das investigações dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Gangoni foi escolhido pelo novo procurador-geral de Justiça do RJ, Luciano Mattos, que tomou posse na última sexta-feira. O nome do coordenador do Gaeco saiu no Diário Oficial do Ministério Público do Rio (MPRJ) publicado nesta terça-feira.
Até o momento, o MPRJ e a Polícia Civil chegaram até os supostos autores dos assassinatos de Marielle e Anderson: o sargento da Polícia Militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Ainda resta saber quem é o mandante do crime e a sua motivação. O crime completa três anos no dia 14 de março.
Gangoni está no MPRJ desde 2003, sempre na área criminal. Ele já foi do Gaeco, mas, até a semana passada, atuava como promotor no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, além de integrar o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) desde 2016. No Gaesp, sob a coordenação da promotora Andréa Amin, Gangoni era responsável por investigar casos envolvendo policiais em autos de resistência, também chamados de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial. Coube a ele e a Amin a investigação para apurar as sete mortes de moradores no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em 2017. A operação foi realizada pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil e das Forças Armadas.
O novo coordenador do Gaeco chegou a atuar também no combate às milícias. Uma das últimas operações em parceria com a Polícia Civil com esse objetivo ocorreu em junho do ano passado contra um grupo de milicianos na comunidade do Tirol, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Entre os 24 alvos, quatro eram policiais militares. Os paramilitares foram acusados dos crimes de homicídio, extorsão, porte de arma de fogo e venda ilegal de botijões de gás.
No Programa Municípios em Ação, exibido em junho de 2018, na TV Metropolitana, na Baixada Fluminense, o promotor deu uma entrevista explicando a importância da segurança pública. Segundo ele, "segurança pública não é sinônimo de polícia". Na opinião de Gangoni, o trabalho da polícia pode produzir efeitos a curto prazo, mas há outras medidas a médio e longo períodos que devem ser adotadas, como o investimento em tecnologia. Um dos exemplos que deu foram as câmeras OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres), chamado de radar inteligente, que capta as letras e os números de placas, transformando-os em dados para investigações. Foi graças a este tipo de câmera que foi possível identificar a placa do veículo usado na emboscada à Marielle passando pelo Itanhangá, às 17h34m, no dia 14 de março de 2018.
Na entrevista ao programa de TV, ele afirmou que a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) trouxe bandidos para a Baixada Fluminense, aumentando a criminalidade. Segundo ele, o ideal teria sido "neutralizar" a ação dos traficantes nas favelas cariocas, mas ele esclareceu entender que isso traria "um dano colateral": "Pesando as duas coisas, optou-se pela política do não confronto, até para ter a simpatia da opinião pública", explicou ele.
Via O Globo