'Objetivo da pesquisa é entender como as pessoas estão psicologicamente nesse momento de pandemia' O medo, a baixa qualidade de sono...
'Objetivo da pesquisa é entender como as pessoas estão psicologicamente nesse momento de pandemia'
O medo, a baixa qualidade de sono e sintomas de ansiedade são apontados como os impactos psicológicos mais citados por moradores da Baixada Fluminense durante a pandemia pelo novo coronavírus. É o que aponta pesquisa realizada por estudantes de psicologia do Centro Universitário Uniabeu, com a coordenação da professora e mestre em Psicologia Social, Fátima Antunes, e apoiados pela Graphos Assessoria & Treinamento. O estudo, elaborado em 2020, ouviu 1.371 pessoas com idades entre 18 e 56 anos. A maior parcela dos participantes está entre 18 e 25 anos (35%), seguida da faixa de 26 a 35 anos (27,4%), 36 a 45 anos (18,9%) e 46 a 55 anos (11,7%). Apenas 6.1% afirmou ter mais de 56 anos.
Segundo a coordenadora do estudo, Fátima Antunes, entre os sintomas psicossomáticos, os problemas relacionados ao sono foram sinalizados por 66,9% das mulheres e 47,9% dos homens. "Levando em consideração que este é um sintoma relacionado à ansiedade, associamos esta informação às respostas sobre ansiedade e 26,9% dos respondentes disseram que muitas vezes ou sempre sentem sintomas de ansiedade e 41,9% dizem que algumas vezes sentem este sintoma", explica. As respostas relativas à ansiedade mostram níveis bastante elevados entre os moradores de Belford Roxo (69%) e de Nova Iguaçu (71%). E, em São João de Meriti, o sentimento de medo é mais significativo (70%).
O medo apareceu em 62,5% dos pesquisados na faixa etária entre 36 e 45 anos. Ainda que 38,7% dizem que apenas algumas vezes o sentem, este é um sentimento que ainda poderá gerar novas pesquisas no campo da saúde mental da Baixada Fluminense. "O medo foi um sentimento que se destacou em termos de resposta na nossa pesquisa. A análise comparativa em relação à faixa etária, considerando os percentuais de respostas algumas vezes, muitas vezes e sempre temos o seguinte resultado: 65,5% das pessoas entre 18 e 25 anos, 64,3% das pessoas entre 26 e 35 anos, 62,9% das pessoas entre 36 e 45 anos, 53,4% das pessoas entre 46 e 55 anos, 43,8% das pessoas entre 56 e 65 anos. Surpreendentemente as pessoas com faixa etária mais alta, que estariam na condição de maior vulnerabilidade pela doença, tiveram menor respostas para este sentimento", avalia Fátima Antunes. A relação do medo em relação ao gênero mostrou que entre as mulheres 68,1% possuem esse sentimento no momento em que responderam o questionário e 43,6% dos homens possuem tal sentimento quando responderam a pesquisa.
O nervosismo foi outro sentimento avaliado através da autodeclaração e em nível máximo 22,7% das mulheres, 15,6% dos homens e 50% dos transgêneros, relataram estar nervosos. "Vale ressaltar, entretanto, que pedimos uma quantificação de 1 a 10 para a identificação do sentimento de nervosismo e os percentuais das respostas 8 e 9 também são bastante elevados: 22,8% das mulheres e 23,9% dos homens. O estresse também aparece na pesquisa: Do total de pesquisados, 53,5% dos homens, 70,1% das mulheres e 100% dos transgêneros sinalizaram estar se sentindo estressado.
Segundo Fátima Antunes, o objetivo do estudo de campo foi entender como as pessoas estão psicologicamente nesse momento de pandemia e que impactos sofrerá a população da Baixada Fluminense. "Devido às circunstâncias de isolamento social, houve a necessidade de aplicação do questionário online, desenvolvido na plataforma google docs. Foram 46 perguntas objetivas e uma pergunta de ordem qualitativa para a exposição de intenções, interesses e comentários, onde a pessoa poderia expor sentimentos e opiniões que por acaso não tenham sido contemplados no questionário. O questionário foi composto por nove questões referentes a dados sociográficos, 29 questões referentes a aspectos sociais relacionados ao COVID-19, à pandemia e ao isolamento social e oito questões referentes a aspectos psicológicos e emocionais associados à pandemia", explica a psicóloga e professora Maria de Fátima Antunes.
Por Fernando César Fraga