Moradores da cidade do Rio de Janeiro voltaram a reclamar do gosto de terra e água turva recebida em casa pela Cedae (Companhia Estadual de ...
Moradores da cidade do Rio de Janeiro voltaram a reclamar do gosto de terra e água turva recebida em casa pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio) —situação bem parecida com a verificada no começo do ano passado, que ficou conhecida como "crise da geosmina".
Em meio à pandemia do novo coronavírus, há também reclamações de interrupção e falhas de abastecimento em ao menos 16 bairros das zonas norte e oeste e nos municípios de Nilópolis, Belford Roxo e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Apesar de a Cedae alegar que não há alteração na água produzida na estação de tratamento do rio Guandu, tem morador que já deixou de consumir a água da companhia.
A geosmina, que afetou a qualidade da água no ano passado, é um composto orgânico produzido por micro-organismos. Pesquisadores chamaram a atenção para a grande quantidade de esgoto e resíduos industriais recebida pela bacia do Rio Guandu, principal fonte de abastecimento.
Após surgirem relatos de modificação na cor e sabor da água na última quinta-feira (22), a Cedae desligou por dez horas o sistema de tratamento do rio Guandu — medida preventiva e emergencial.
Segundo a companhia, o sistema voltou a operar na manhã do dia seguinte. A empresa informou que a interrupção do serviço poderia afetar o fornecimento de água e deu o prazo de 48 horas para ser regularizado.
No entanto, moradores de diversos bairros estão até hoje com fornecimento irregular ou totalmente sem água — problema também ocorrido no final do ano passado que levou a Cedae a adotar revezamento no fornecimento. Na ocasião, foi constatado um defeito em um dos motores da Elevatória do Lameirão, responsável pela distribuição da água para a capital e para Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Em Belford Roxo, no bairro São Bernardo, Cleide Araújo, 46, disse que está há uma semana com a caixa d'água vazia. "Estamos comprando quando dá para comprar. Conto com ajuda dos vizinhos que têm poço e me passam água. A Cedae diz há uma semana que está fazendo manutenção na bomba", contou.
O que diz a Cedae
Procurada, a Cedae afirma, por meio de nota, que "adotou medidas e eliminou qualquer possibilidade de alteração de gosto e cheiro da água produzida na ETA [Estação de Tratamento de Água] Guandu e distribuída para a região metropolitana" a exemplo do que ocorreu no ano passado.
"A Cedae adotou o protocolo operacional definido no plano de contingência do Guandu, operando as barragens da captação e paralisando a ETA Guandu por algumas horas na noite de quinta-feira (21/01), de maneira preventiva e emergencial. A ETA voltou a operar na manhã de sexta-feira (22/01)", informou a empresa.
Sobre o problema de abastecimento, a companhia diz que não há bairros inteiros afetados e alega que há dificuldades em endereços mais altos. "Em alguns pontos, como imóveis localizados em cota elevada e nas extremidades do sistema, a pressão da rede de abastecimento está sendo normalizada."
Devido à crise da geosmina, a Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do estado) aplicou multa de R$ 5,7 milhões na Cedae pela contaminação.
Via UOL