O governador em exercício Cláudio Castro e o prefeito Marcelo Crivella apresentaram os próximos passos no enfrentamento à Covid-19 no estado...
O governador em exercício Cláudio Castro e o prefeito Marcelo Crivella apresentaram os próximos passos no enfrentamento à Covid-19 no estado do Rio, em coletiva na tarde desta sexta-feira, dia 4. A expectativa era quanto ao anúncio da volta de medidas restritas. As escolas municipais voltam a fechar as portas, ao passo em que centros comerciais podem funcionar 24h por dia.
A Secretaria estadual de Saúde anunciou a abertura de 386, sendo 314 de UTI. Já Crivella disse que no município serão abertos 170 leitos de enfermaria nos próximos 15 dias e mais 50 de UTI.
Castro e Crivella apresentaram o funcionamento de centros comerciais em tempo integral como uma alternativas às aglomerações, o que poderia diminuir até a sobrecarga no transporte público.
— Podemos retroceder. Então o apelo que se faz é que a gente não precise tomar medidas mais duras, o que seria preferencialmente evitável. Fizemos um sacrifício de quase um ano. Por isso faço apelo sobre a conscientização de todos — afirmou Crivella, apresentando uma alternativa ao falar sobre as aglomerações. — Os shoppings e centros comerciais serão autorizados a funcionar 24 horas por dia para que a população não precise correr.
Instantes depois, Castro voltou ao tema e afirmou que a iniciativa está autorizada a ser estendida a todo o estado do Rio:
— A medida vai ser válida durante todo o tempo em que tiver essa situação de crise. Depois, quando voltarmos ao normal, definiremos o fim dessa iniciativa.
O governador em exercício completou:
— Há medidas de isolamento em vigor. Reconhecemos nossa falha na fiscalização e reforçamos isso. Entendemos que medidas bem fiscalizadas e ampliação dos leitos neste momento é suficiente.
Medidas de enfrentamento à Covid-19
Crivella disse que as atividades nas escolas serão suspensas a partir de segunda-feira, dia 7. A medida, segundo ele, vai ajudar a diminuir as pessoas nas ruas e transportes públicos, bem como evitar a contaminação nos ambientes escolares.
Até então, apenas turmas do 9º ano do Ensino Fundamental podiam frequentar as unidades, além de setores administrativos. A adesão, no entanto, foi baixa. Crivella disse que as atividades estão interrompidas até que se consiga controlar a curva da doença no município.
O prefeito do Rio ainda falou sobre o funcionamento de tomógrafos 24 horas por dia para a realização de exames. O serviço estendido será oferecido em unidades de saúde do estado como os hospitais Getúlio Vargas, Carlos Chagas, Alberto Torres, na capital, e em municípios como Duque de Caxias, Volta Redonda e Saquarema.
— Faço um apelo para a população principalmente não fazer aglomerações em locais onde não se usa máscaras, como os bares e as praias — disse Crivella.
Leitos no estado
Entre os anúncios está a oferta de novos leitos e mais fiscalização para evitar que a população desrespeite as regras de ouro, como usar máscaras e manter o distanciamento social. Apesar do posicionamento do comitê técnico da prefeitura, do Ministério Público do Rio e da comunidade médica, em seu pronunciamento inicial, Castro não deu sinal de que vai retroceder quanto às liberações até o momento.
— A pandemia não foi embora. Vivemos um ano extremamente difícil. Onde todos tiveram prejuízos incalculáveis, muitos não conseguiram trabalhar. Muitas dificuldades, inclusive erros do poder público. O mundo inteiro errou, não fomos diferentes. Precisamos que todos se conscientizem e assumam a responsabilidade para não ter retrocesso. É preciso o uso do álcool, o distanciamento, o uso da máscara. A pandemia não foi embora. Estamos lutando contra um inimigo duro — afirmou o governador em exercício.
Castro negou estar indo em direção oposta à área técnica:
— Estamos todos os dias conversando com os técnicos da saúde. Não estamos desrespeitando a área técnica da saúde — disse.
Na quinta-feira, dia 3, Castro negou mais uma vez que o estado adotará quaisquer medidas novas de restrição, apesar da recomendação de especialistas que compõem o comitê científico da prefeitura do Rio em adotar novas medidas de isolamento social. Entre as sugestões está o fechamento de escolas, a proibição da presença de banhistas nas praias e o escalonamento do horário do comércio — entre eles bares e restaurantes.
A prefeitura da capital também foi pressionada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro a retroceder nas decisões quanto às fases de flexibilização do plano que tem seguido. O órgão expediu uma recomendação na quinta-feira, dia 3, ao prefeito Marcelo Crivella e à secretária municipal de Saúde para que as regras adotadas sejam compatíveis com os indicadores referentes ao percentual de ocupação de leitos de UTI na cidade.
O MP analisou os dados do próprio município e chegou à conclusão que desde o dia 20 de novembro "todos os indicadores ingressaram em um ritmo de piora exponencial, indicando a necessidade técnica regressão de fase".
Nesta quinta-feira, o Rio registrou 127 mortes e 3.788 novos casos do novo coronavírus. Ao todo, são 365.185 infectados e 22.891 vidas perdidas pela doença desde o início da pandemia, em março. A média móvel de casos continua em alta pelo sexto dia seguido, com índice de 2.737 contaminados por dia, e, assim como nos últimos dois dias, é a maior desde 22 de agosto. Na rede de saúde, que, segundo especialistas, já está novamente em colapso, a situação é de muita pressão por leitos, sobretudo na capital, onde há 99% de ocupação nos leitos exclusivos para coronavírus ofertados pela prefeitura, e de 92% na rede SUS regulada pelo município. Em todo estado, há fila de 216 pacientes por vagas de UTI, 86% preenchidas.
Via Extra