O Brasil espera ter uma vacina contra a Covid-19, aprovada e pronta para uso em um programa nacional de imunização, até junho de 2021, disse...
O Brasil espera ter uma vacina contra a Covid-19, aprovada e pronta para uso em um programa nacional de imunização, até junho de 2021, disse nesta quinta-feira o chefe da Anvisa, Antônio Barra Torres.
Com um dos piores surtos de coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, o Brasil se tornou um campo de testes chave para vacinas e aprovou testes clínicos em estágio final para quatro possíveis imunizantes que estão em desenvolvimento.
Eles estão sendo pesquisados pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca; pela Sinovac Biotech; pela Pfizer Inc em parceria com a BioNTech; e pela subsidiária farmacêutica da Johnson & Johnson, a Janssen.
Torres disse à Reuters que a Anvisa ainda não decidiu sobre a eficácia mínima a exigir, mas lembrou que a agência já aprovou vacinas para outras doenças, no passado, com menos de 50% de eficácia. Essa taxa é o percentual de pessoas que, tomando o imunizante, ficaria de fato protegido da doença.
As autoridades de saúde na Europa estão debatendo se devem aceitar a taxa de eficácia menor do que 50% para poder entregar uma vacina mais cedo, informou o Wall Street Journal esta semana.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro impediu a compra de 46 milhões de doses do imunizante produzido pela Sinovac Biotech, da China, a chamada CoronaVac, alegando que "não compraremos uma vacina chinesa".
Torres, no entanto, disse que a Anvisa pode aprovar mais de um dos quatro candidatos que estão sendo testados no Brasil, independentemente do país de origem.
— A origem da vacina não tem relação com o que a gente vai aprovar, não tem preconceito — disse.
Dois dias após os comentários de Bolsonaro, a Anvisa autorizou o Instituto Butantan de São Paulo a importar 6 milhões de doses do CoronaVac e na quarta-feira autorizou o centro biomédico a importar a matéria-prima para fazer mais 40 milhões de doses no Brasil. Essa estratégia é patrocinada pelo governador de São Paulo, João Doria, adversário político de Bolsonaro.
Em outra frente comandada por governos estaduais, a Rússia concordou em fornecer sua vacina Sputnik V ao Paraná e à Bahia. No entanto, elas só poderão ser aplicadas em brasileiros após ser testada e aprovada pela Anvisa. Torres disse que, até o momento, a agência não recebeu nenhum dado ou pedido de aprovação dos protocolos do teste do Sputnik V.
O diretor da Anvisa disse que o Instituto Butantan e o centro biomédico federal Fiocruz, no Rio de Janeiro, têm capacidade para produzir milhões de doses de vacinas para o Brasil e provavelmente para outras nações latino-americanas.
Ele ainda afirmou que a agência está em negociações com alguns países da América Latina para que aceitem o registro de vacinas que serão feitas no Brasil.
Via O Globo