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BELFORD ROXO - Abusando da criatividade e de materiais reciclados, a Inocentes de Belford Roxo apresentou uma plástica diferenciada. Com isso, trouxe um dos seus melhores conjuntos alegóricos entre os seus últimos desfiles da Série A. Com o enredo “O Frasco do Bandoleiro – Baseado num causo com a boca na botija”, a Caçulinha da Baixada realizou a sua apresentação em 55 minutos.
Coreografada por Patrick Carvalho, a comissão de frente da Inocentes de Belford Roxo veio relembrando os filmes que se passam no cangaço brasileiro. Os integrantes vieram fazendo referência em sua caracterização aos dois maiores cangaceiros da história: Lampião e Maria Bonita. A apresentação foi fortemente baseada na dança, como toques de teatralização. O figurino era leve, o que permitia um bailado mais solto e maior liberdade dos movimentos.
A comissão teve boa aceitação do público da Sapucaí, que reagiu bem a sua passagem. No entanto, cometeu erros técnicos. Durante a apresentação para primeira cabine de jurados, no momento da coreografia que um casal de bailarinos ficava ao centro, ela jogou uma parte de seu figurino fora, e objeto ficou na pista. Na segunda cabine de jurados algo similar novamente aconteceu, dessa vez foi logo na chegada da comissão ao módulo, em que um prato que compunha a fantasia de um dos integrantes que representa Lampião, soltou da roupa.
Mestre-sala e porta-bandeira
Remetendo a dois dos personagens mais clássicos do carnaval Pierrô e Colombina, a fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Inocentes, Jaçanã e Peixinho, foi uma das mais belas entre os casais da noite. Nas cores da escola, ele de azul e ela de vermelho, a roupa era ousada por conta da saia da porta-bandeira com a barra mais alta e não se arrastando no chão. Outro ponto que merece destaque, os dois virem sem costeiro.
Mesclando passos da dança tradicional, com alguns momentos coreografados fazendo referência a letra ou melodia do samba, Jaçanã e Peixinho mostraram toda a experiência e cumplicidade oriunda de anos juntos. As respostas entre os dois foram imediatas e sincronizadas. E como destaque da apresentação, é possível citar o movimento de balançar a saia, sem a porta-bandeira rodar ou usar as mãos, ao som da bossa forroziada no verso “pra joia, Maria Bonita” do samba.
Harmonia
A harmonia da tricolor de Belford Roxo foi regular. Os componentes cantaram o samba, mas a difícil letra pode ter atrapalhado. A reação do público da arquibancada foi bem mais fria, em relação à escola anterior Unidos de Padre Miguel, é outro possível fator que pode ter impactado negativamente os componentes da Inocentes.
Evolução
A Inocentes teve uma boa evolução durante todo seu desfile. Em nenhum momento abriu buracos ou mesmos clarões, nem mesmo na entrada e saída da bateria do recuo. Os componentes desfilaram de maneira leve e empolgada nas alas, apesar de muitas delas terem mantido os seus integrantes de maneira rigorosamente enfileirada.
Samba-Enredo
Melódico, poético e com uma letra usando de variações regionais que remetem ao vocábulo nordestino, principalmente do sertão, o samba da Inocentes é uma das obras mais difíceis de ser cantada entre as escolas do grupo. Isso se refletiu na harmonia da agremiação e no desempenho do samba.
Nino do Milênio em seu retorno defendeu o microfone com segurança, e ao contrário de carnavais anteriores, sem exagerar em prolongações de sílabas finais ou firulas no canto. Tal atitude ajudou no melhor funcionamento do samba, mesmo sem ter havido um momento de explosão.
Enredo
Através dos frascos, a Inocentes trouxe um novo olhar sobre o cangaço brasileiro e as suas duas figuras mais lendárias: Lampião e Maria Bonita. Com uma proposta mais complexa, o enredo foi de difícil leitura. Isso impossibilitou uma maior interação entre a escola e o público das arquibancadas. No entanto, a execução cumpriu bem o que foi proposto pelo carnavalesco Marcus Ferreira.
Alegorias e adereços
Com soluções criativas, usando de muitos materiais reaproveitados e reciclados em todo o conjunto, as alegorias da Inocentes foram um dos grandes destaques do desfile. O segundo carro, todo feito em caixotes, foi um dos mais belos a passar pela Sapucaí.
Entretanto, apesar da beleza, o abre-alas passou com o primeiro carro acoplado totalmente apagado. A terceira alegoria destoou esteticamente do restante do conjunto, além de ter passado com falha de acabamento em dois queijos do lado direito do carro.
Fantasias
Assim como as alegorias, as fantasias também se destacaram pelas soluções. No entanto, a chuva pega na concentração atrapalhou o conjunto de algumas alas. Várias baianas passaram com o chapéu caindo ou danificado. A ala 06 “Padim Nosso Que Estás No Céu!”, teve problemas também com a cabeça, sendo uma delas abandonada por um dos componentes em frente ao módulo três de jurado. Adereços de mão de várias alas, feitos de plástico, passaram completamente murchos ou amassados.
Bateria
A bateria comandada pelo mestre Washington Paz, abusou de convenções e bossas durante toda a sua passagem pela Marquês de Sapucaí. Com um figurino leve, os ritmistas evoluíram bem durante o desfile. Um dos melhores momentos ocorreu com a sequência de paradinhas com o ritmo sendo sustentado pelos triângulos, que remetiam a levada do forró.
Outros Destaques
Com cores fortes e formas diferenciadas, o conjunto de fantasias do último setor da Inocentes foi um dos destaques do desfile. A rainha de bateria Thayná Oliveira também brilhou a frente dos ritmistas da cadência da baixada.