SEGURANÇA - O que você vai ver agora é um exemplo de como a burocracia e a falta de treinamento contribuem para a insegurança no R...
SEGURANÇA - O que você vai ver agora é um exemplo de como a burocracia e a falta de treinamento contribuem para a insegurança no Rio de Janeiro. É um cidadão tentando denunciar um assalto.
“Acabei de assistir a um assalto a mão armada. Vi dois homens à esquerda e um deles cruzou a rua, e logo outro veio, com uma pistola preta na mão e passou na minha frente. Na hora vi que era assalto e ele foi para o carro em frente. Ficou com a arma apontada para o motorista. Acho que era para pegar os pertences, mas não vi o final porque o sinal abriu e consegui sair pela direita”.
O relato, em uma rede social, é de um homem indignado, que tentou avisar à polícia sobre o que estava acontecendo
Atendente: 190, Tiago. Boa tarde.
Testemunha: Boa tarde, Tiago. Acabei de ver um assalto aqui na Rua Guilhermina Guinle, aqui em Botafogo, antes do sinal ali da Rua São Clemente. "Tão" assaltando com arma os carros.
Atendente: Qual o nome do senhor, por gentileza?
Testemunha: Meu nome é Sérgio.
Atendente: Altura de qual o número da Guilhermina Guinle?
Testemunha: No sinal da esquina com a Rua São Clemente.
Atendente: Pode informar a numérica?
Testemunha: Não sei informar, eu estava no carro atrás. Olha, o carro que foi assaltado...
Atendente: Ponto de referência?
Testemunha: Esquina da rua...
Atendente: "Me refiro", por exemplo, a algo de amplo conhecimento: uma praça, igreja, mercado, banco, farmácia, padaria...
Testemunha: Olha, Tiago, é na esquina, o sinal é na esquina. O assalto foi exatamente na esquina, no prédio.
Atendente: Mas não tem nenhum ponto de referência, senhor?
Testemunha: Tem uma loja de ar-condicionado de carro, conserto de ar-condicionado de carro na esquina.
Atendente: Qual é o nome dessa loja?
Testemunha: Qual o nome dessa loja de ar-condicionado que tem na esquina, você sabe, de carro? Não sei, Tiago. Então, deixa para lá, deixa para lá. É melhor ele assaltar lá mesmo. Obrigado, viu? Boa sorte.
O que era para ser um atendimento rápido, por telefone, que ajudasse a polícia a impedir novos assaltos na região, levou quem fez a denúncia a desistir da ideia pouco mais de um minuto depois do início da ligação. As principais informações foram passadas. A loja de ar-condicionado fica aqui. Na frente, a Rua Guilhermina Guinle. E, do outro lado, a Rua São Clemente, uma das mais conhecidas e movimentadas de Botafogo, na Zona Sul do Rio.
Pelo visto, o serviço 190 da polícia, não considerou essas informações suficientes. Apenas nesta quarta (9), policiais militaram foram ao local.
Embora a central 190 seja um serviço da Polícia Militar, quem atende as ligações são operadores de telemarketing. São 20 mil ligações por dia. Mas apenas 37% geram alguma investigação.
“O serviço 190 é de fundamental importância para a Polícia Militar. Hoje ele é conduzido por uma empresa terceirizada e que foi instalada ali realmente para buscar a eficácia no atendimento junto ao cidadão e a otimização dos processos. Eu prefiro acreditar que isso tenha sido um caso isolado. Mas, de qualquer forma, a Polícia Militar está ali presente na mesa de triagem para que possamos dar a real noção do profissional de segurança para esse agente”, disse Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar.
A Secretaria de Segurança admitiu que "houve um equívoco no atendimento” e que o atendente, recém-contratado, está em reciclagem.
Apenas no primeiro semestre de 2017 foram registrados 873 assaltos em Botafogo. De acordo com o Instituto de Segurança Pública, um crescimento de 48% em relação ao mesmo período de 2016.
Sérgio, a testemunha, disse que assistiu ao assalto com toda a família no carro. Falou da sensação de impotência e do medo de alguém reagir e começar um tiroteio.
“Já não é a primeira vez que isso acontece, já é sabido por diversas pessoas que procuraram os serviços de ajuda da polícia, dos bombeiros, de ambulância, a incapacidade do atendimento, de ter uma agilidade e uma compreensão da situação de emergência que as pessoas estão passando”, afirmou Sérgio.
“As coisas se inverteram. Quem está preso somos nós. Moradores que pagamos os nossos impostos, IPTU alto e vagabundo está solto acuando a gente”, falou o aposentado Jorge Roberto Corrêa.
A delegacia de Botafogo declarou ao Jornal Nacional que, em seis meses, identificou 86 bandidos e que 43 foram presos.
Via G1