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BELFORD ROXO - Tem mudança no comando da Segurança Pública do Rio de Janeiro. O secretário José Mariano Beltrame pediu demissão. O homem de confiança dele vai assumir o cargo.
O subsecretário Roberto Sá é delegado da Polícia Federal e entrou para a Segurança Pública em 2007. Ele vai ocupar, a partir da próxima segunda-feira, o lugar que foi de José Mariano Beltrame por dez anos.
Beltrame assumiu o cargo na primeira gestão do governador Sérgio Cabral, e um ano depois, em 2008, nascia a primeira Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP, o maior símbolo da gestão do ex-secretário de Segurança - uma política de retomar áreas dominadas por bandidos.
Em 2010, o desafio foi ocupar o Complexo do Alemão, o principal refúgio do tráfico. O projeto avançou e 38 UPPs foram instaladas no Rio. Mas ao mesmo tempo em que se multiplicavam, as UPPs davam sinais de deficiência. Muitos bandidos migraram para a Baixada Fluminense. Os índices de criminalidade que vinham caindo até 2012, subiram. José Mariano Beltrame deixa o cargo um dia depois do tiroteio nos morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Copacabana e Ipanema. O confronto levou morte e pânico à zona sul do Rio.
Essas favelas tinham sido pacificadas, mas, como aconteceu em outras comunidades no Rio de Janeiro, o tráfico começou a reassumir o poder. Desde janeiro deste ano, o secretário já vinha demonstrando que queria deixar o cargo. "Não é facil e ele tá muito cansado. Dez anos não é facil. É o secretário que ficou mais tempo à frente da pasta da Segurança no Rio", disse o governador Luiz Fernando Pezão, sobre Beltrame.
Em uma entrevista, Beltrame falou sobre a grande quantidade de bandidos armados nas comunidades pacificadas. "O que acontece é que, por vezes, pessoas voltam pra essas áreas, começam a arregimentar pessoas, começam a trazer, de maneira sorrateira e muito capilarizada, armas e procuram banalizar o processo de pacificação. Porque o tráfico não desistiu, o tráfico quer seus territórios e com certeza sofre prejuízo com isso", afirmou o ex-secretário.
Beltrame justificou a decisão de sair do governo como o encerramento de um ciclo. "Eu sempre falei de segurança pública é uma luta interminável. Por ela ser uma luta interminável, a gente tem que encarar esse desafio como uma corrida de revezamento. Chega o momento, a gente tem que passar esse bastão pra outra pessoa, porque a Segurança Pública, a gente não vence. A gente consegue mitigar, consegue antecipar problemas. E eu acho que a minha cota desse revezamento ela foi feita".
Via G1