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BELFORD ROXO - Um dos principais locais de fomentação de cultura na Baixada Fluminense, o Centro Cultural Donana foi reinaugurado na última sexta-feira (23 de outubro). Com sede em Belford Roxo, o espaço passou por uma grande revitalização que só foi possível graças ao incentivo do grupo O Rappa, patrocinador do projeto que levou ao local modernos materiais e equipamentos, reestruturação de atividades já existentes como capoeira e informática e a inclusão de novas turmas de dança, teatro e música.
Lauro Farias, baixista da banda, nascido e criado no local, foi quem apresentou a ideia aos parceiros um ano atrás. Como já conheciam as dependências e atividades de centro, eles toparam a empreitada. “O Donana sempre foi muito importante pra mim. Eu cresci naquele panorama e foi ali que me formei como músico, pessoa e cidadão. Conversei com os amigos para, nesse momento, viabilizarmos e centralizarmos os nossos esforços de apoio social ao gueto, à baixada, e a esse lugar tão maravilho que, apesar das muitas dificuldades, sempre se manteve firme em seus propósitos e objetivos”, conta o músico que sonha ver o Donana cada vez mais fortalecido. “Nossa intenção é que O Rappa consiga divulgar e influenciar pessoas a se engajarem e ajudarem a perpetuar todo o trabalho que será implantado e que assim ele consiga, com o tempo, caminhar com as próprias pernas”.
O Espaço Donana surgiu no início dos anos 80, repleto de manifestações culturais e artísticas, e proporcionou a formação de uma geração musical que deu origem a bandas hoje aclamadas em todo país. A antiga sala de informática servia como estúdio improvisado para a então Desaguada – formada por Dida Nascimento, um dos fundadores do centro cultural; Lauro (O Rappa) e seus irmãos Tácio, Rose e Lídia; Marrone e Ana Cristina (irmão e sobrinha de Dida). Era o embrião para a formação de bandas como KMD5, Negril, Cabeça de Nego, O Rappa e Cidade Negra.
Hoje, o Centro Cultural possui o Núcleo de Capoeira Donana que funciona sob a responsabilidade da Associação Cultural Capoeira Palmares, com aulas terças e quintas, com o mestre Dida Nascimento. Uma das expectativas em relação à atividade é depois da reforma, abranger também noções de berimbau e maculelê. Uma Cia de Teatro se dará sob os cuidados do ator e diretor Lui Santos e de Ramide Beneret. Eles já estão em processo de ensaio e desenvolvimento do plano de aulas e ensaiando às quintas-feiras.
O Ateliê digital levará noções de informática à moçada e será reativado com a reinauguração do centro. Dois profissionais estão sendo escolhidos para ministrarem – as aulas. Para captação de novos alunos e interessados nas atividades, o Donana abrirá inscrições ainda a definir período e regulamento. Adianta que os preços serão populares e com algum tipo de ajuda de cisto. Dessas, 30 serão bolsas serão para a comunidade.
Ainda sobre as programações, estão confirmadas a inclusão de danças como ballet, clássica, hip hop, entre outras. E não podiam faltar as aulas de música: percussão, teoria musical, violão e bateria estão entre as oficinas previstas.
O espaço foi modernizado para atender de forma adequada às demandas de cada atividade desenvolvida. O Donana possui parceria com duas escolas da comunidade onde está localizada. Atualmente cerca de 300 pessoas entre visitantes, alunos e voluntários ajudam o local a manter-se em funcionamento. O objetivo é chegar a uma movimentação de mil pessoas pelo local, entre 200 jovens e crianças nas atividades e mais visitantes e interessados pelos projetos. A expectativa é que com a reforma o centro passe a receber mais que o dobro do número atual por mês.
História do Centro Cultural Donana
O Espaço Donana surgiu em meados da década de 1980, voltado para as artes e alfabetização, além de oferecer exposições e festas com os músicos da região. Na década de 1970, as filhas da rezadeira Dona Ana e do comerciante José, Severina e Iraci, trabalhavam no Mobral, o Movimento Brasileiro de Alfabetização. No início dos anos 80, com o falecimento da matriarca, inauguram uma escolinha no mesmo quintal, onde também começaram a surgir atividades como danças africanas, capoeira, e onde também estava localizado o armazém do pai. Em homenagem à mãe, foi batizado de Centro cultural Donana.
Localizado no bairro Piam, o Donana proporcionou o fomento a uma geração musical que deu origem a bandas como KMD5, Negril e Cidade Negra. A partir disto, Belford Roxo ganhou visibilidade, deixando para trás o título de “cidade mais violenta do mundo”, segundo dados da época, fornecida pela ONU. Em 1994, após a inviabilidade financeira da continuidade das atividades, o Centro Cultural fechou suas portas, já que não contava com nenhum apoio além da equipe voluntária, formada pela família do músico Dida Nascimento.
O ano de 2009 marcou a retomada do foco cultural, na Rua Aguapeí. Após 15 anos, o Centro Cultural Donana voltava à ativa, graças à iniciativa de uma nova geração voluntária proveniente da Baixada Fluminense, formada por agentes culturais, músicos, cineastas e artistas. Em seu primeiro ano de funcionamento, contando apenas com apoio destes voluntários, o cineclube realizou cerca de 200 sessões gratuitas de filmes, entre infantis e adultas.
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