BELFORD ROXO - Uma triste coincidência marca o fim do mês de agosto para a dona de casa Cátia Sampaio, de 48 anos. Há um ano, ela perdeu...
BELFORD ROXO - Uma triste coincidência marca o fim do mês de agosto para a dona de casa Cátia Sampaio, de 48 anos. Há um ano, ela perdeu um filho afogado em São Conrado. Nesta segunda-feira (25 de agosto), Cátia ficou sem sua filha Flávia Cristina Sampaio dos Santos, de 28 anos, que foi atropelada na Avenida Automóvel Clube, próximo ao Parque São José, em Belford Roxo, quando saía para trabalhar.
- Para mim, é como se eu estivesse num pesadelo. Eu andei tanto nesta rua na noite de domingo e nada me aconteceu. Por que ela foi atropelada? É muita dor. Vou enterrar minha filha no dia em que outro filho completa um ano de morto. E agora? O que vai ser das minhas netas? O pai tem que sobreviver para cuidar delas - desabafa Cátia
A filha dela, Flávia, trabalhava como balconista e foi atingida por um carro de autoescola desgovernado, que subiu a calçada e só parou ao bater num poste. No local, mãe e familiares ficaram esperando pela remoção do corpo para o IML por cerca de nove horas.
- Isto é um desrespeito. Cheguei de madrugada, ainda escuro. Ao meio-dia o corpo ainda estava na calçada. Por que tanta demora? - reclamava Leandro Oliveira da Silva, irmão da vítima: - Era o dia de folga da Flávia. Mas ela precisava de um dinheiro a mais para terminar a reforma da casa. Estava trabalhando de domingo a domingo. Mais três meses e estaria tudo pronto.
Três feridos em estado gravíssimo
O motorista Jonathan está em coma no Hospital |
Segundo testemunhas, as vítimas estavam na calçada quando foram atingidas pelo carro. O motorista do veículo e instrutor de direção Jonathan Palmeira Ribeiro da Silva, de 22 anos, está em coma. Breno Rodrigues Moraes, de 17, e Severino Coutinho dos Santos, de 45, marido de Flávia, tiveram traumatismo craniano e estão internados em estado gravíssimo. Já Ednalva Franco Rodrigues, de 42, passa bem.
Assim como Flávia e Severino, Ednalva e Breno também seguiam para o trabalho, no Centro do Rio. Mãe e filho, os dois trabalham juntos há cinco meses num restaurante da Rua Primeiro de Março.
— A mãe é cozinheira e o Breno foi trabalhar lá para ajudá-la. Era como um faz-tudo na cozinha — comentou Adriano Pereira, sobrinho de Ednalva e primo de Breno, enquanto aguardava informações sobre os parentes no Hospital da Posse.
De acordo com os familiares, Breno vai fazer 18 anos na próxima sexta-feira. Os parentes e amigos organizavam uma festa surpresa no quintal de sua casa:
- Só quero que ele saia vivo desta. Posso ficar no hospital o tempo que for. Ele é como um irmão para mim. Fomos todos criados juntos.
Parentes de Jonathan não quiseram comentar o caso. Um dos responsáveis pela autoescola Casa Grande, onde ele era instrutor de direção, Aírton Amorim, de 50 anos, disse que iria prestar todo o auxílio aos familiares das vítimas.
- O Jonathan iria trabalhar às 6h. Não sabemos o que ele estava fazendo - informou Aírton.
Questionadas sobre a demora para remover o corpo, a PM e a Polícia Civil deram informações distintas. Segundo a PM, uma equipe foi registrar a ocorrência na 54ª DP às 7h. A Civil, por sua vez, diz que o fato foi comunicado à delegacia somente às 9h14m.
Via Extra / Editado por Notícias de Belford Roxo