BELFORD ROXO - Aconteceu novamente. Passado 2 meses depois de um rato ser flagrado andando sobre carnes e quilos de alimentos estragado...
BELFORD ROXO - Aconteceu novamente. Passado 2 meses depois de um rato ser flagrado andando sobre carnes e quilos de alimentos estragados serem recolhidos de uma filial no bairro Heliópolis, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Policiais Civis da delegacia da cidade - 54ª DP – apreenderam, na última quinta-feira (24 de outubro), inúmeros alimentos com validade vencida no Supermarket do bairro Lote XV (na Estrada Manoel Sá). Na inspeção, ainda foram flagrados vários tipos de carne sendo comercializados contra as regras da vigilância sanitária.A polícia chegou até o estabelecimento após receber denúncias de consumidores que compraram produtos já vencidos das prateleiras do mercado. Eles foram até a Delegacia de Polícia levando a nota fiscal da compra e os alimentos, que não poderiam estar sendo vendidos. A denúncia gerou um inquérito e quando os policiais foram intimar o gerente para comparecesse à delegacia a fim de que ele prestasse depoimento, resolveram fazer uma inspeção. O gerente do local, Aldo Costa dos Santos, de 53 anos, foi preso em flagrante pelo crime contra relações de consumo.
Entre os alimentos apreendidos pela equipe da 54ª DP, estão: pizzas, vários tipos de queijo, comidas congeladas e goiabadas, entre outros. No total, foram 42 itens recolhidos, além de cerca de 6 kg de carnes não próprias para o consumo. Tudo foi inutilizado.De acordo com um dos investigadores, alguns alimentos tinham até três etiquetas de remarcação de validade. Além disso, os agentes flagraram produtos a granel sendo vendidos contra as normas das legislações sanitárias e da Anvisa. Para vender qualquer item neste tipo de comercialização, é necessário obedecer às regras de armazenamento, manipulação e higiene, as quais estavam sendo desobedecidas no mercado. Nele, os agentes flagraram embutidos e carnes sendo expostos em baias ao ar livre e sem qualquer tipo de isolamento com o ambiente externo.
"Encontramos os compradores manuseando as carnes sem qualquer tipo de higiene. Cada um colocava a mão e pagava o que queria. Venda a granel não é permitida deste modo. O mercado para comercializar produtos assim tem que armazená-los em embalagens de isopor e isolá-los com papel filme. Como o procedimento não estava correto, tudo o alimento exposto teve que voltar ao frigorífico", contou um inspetor.
A reportagem do Jornal Hoje esteve ontem no estabelecimento e pode comprovar que a ordem da polícia civil não estava sendo cumprida. Todos os alimentos à granel retornaram para as baias e continuaram sem isolamento. Foram encontrados embutidos, que aparentemente estavam estragados, com moscas posando em cima e coloração esverdeada; um pedaço de mocotó de cor azulada; produtos sem a refrigeração necessária; açougueiros manuseando carnes sem luvas, e cortes de queijo tipo mussarela, com validade para fevereiro de 2014.
Controvérsia ou não, o Supermaket do bairro Lote XV tem dois prêmios por excelência no atendimento ao consumidor.
Vigilância desconhecia o problema
O Jornal entrou em contato com a Vigilância Sanitária de Belford Roxo, que disse não ter sido informada sobre a Operação da Polícia Civil. O órgão, que prometeu fazer uma fiscalização imediata no mercado, até ontem, disse desconhecer os problemas identificados pela ação policial e pela visita da reportagem ao estabelecimento.
"Nós não tínhamos ciência desta operação e nem havíamos recebido denúncias sobre o Supermarket do Lote XV, mas, vamos fazer uma operação urgente no local para identificar essas irregularidades", comentou Alexandre Pinheiro, da Vigilância Sanitária do município.
Consumidores debatem o problema
O episódio trouxe a tona uma questão antiga debatida pelos consumidores da Baixada Fluminense: a diferença no tratamento dos alimentos em mercados da região e da Zona Sul do Rio de Janeiro. Enquanto de um lado, muitos estabelecimentos, a exemplo deste destes periciados pela polícia em Belford Roxo, não se preocupam em oferecer ao consumidor produtos com elevados padrões de qualidade, outros das mesmas redes, principalmente nos bairros do Leblon e Ipanema, primam pela excelência neste quesito. A aposentada Neide Silva fez questão de dar seu ponto de vista:
"Acho que os donos de mercado pensam que a gente da Baixada se contenta com qualquer coisa. Lá na Zona Sul, tudo é limpo, embalado e etiquetado dentro dos conformes. Tudo é melhor. Aqui é essa confusão, essa imundície. Um mercado ou outro tem produtos bons, mas, o preço é lá no alto. Os populares são uma sujeira. É só olhar aqui para o lado, esse monte de carne exposta ao tempo. Se alguém tosse ali, sou obrigada a comer carne contaminada. Acho que temos direito a sermos bem tratados e de termos oferta de bons produtos que tenham qualidade. Por acaso sou menos consumidora que eles?", desabafou.
A equipe do Jornal Hoje tentou contato com a rede Supermarket para comentar as denúncias, mas, não obteve sucesso.
Via Jornal Hoje
Por Alexandra Boechat