A cada 2 dias, 9 pessoas são atacadas. Em um ano, já são 1.805 casos registrados BELFORD ROXO - Nove pessoas são estupradas a cad...
A cada 2 dias, 9 pessoas são atacadas. Em um ano, já são 1.805 casos registrados
Terepia ajuda a amenizar trauma
Para amenizar o trauma e o sofrimento de uma vítima de estupro, a psicóloga Cristina Santos Lima explica que é fundamental fazer um trabalho de reflexão e autovalorização. Ela afirma também que a pessoa violentada nem sempre é a única vítima.
Para a psicóloga, embora seja um criminoso cruel, o estuprador deve ser visto dessa forma. “Muitos crescem sendo violentados ou presenciam cenas desse tipo entre o pai e a mãe, por exemplo”, explica.
Onde encontrar ajuda médicaEm Nova Iguaçu, o Hospital da Posse oferece médicos, psicólogos, enfermeiros e assistente social para o atendimento às vítimas. A Secretaria de Saúde da cidade vai realizar em setembro treinamento com 150 enfermeiros da rede que serão preparados para a realização de testes rápidos de sífilis, HIV e hepatite.
Este mesmo tratamento já pode ser encontrado durante 24 horas no PAM Meriti e na UPA Jardim Iris, em São João de Meriti. Em Caxias, as vítimas podem procurar tratamento no Hospital Municipal Moacyr do Carmo. Depois, no Centro Municipal de Saúde, recebem atendimento com enfermeiros e psicólogos.
BELFORD ROXO - Nove pessoas são estupradas a cada dois dias na Baixada Fluminense. É o que apontam os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). De maio de 2012 a maio deste ano, as delegacias das 13 cidades da região notificaram 1.805 casos desse tipo de violência. Nova Iguaçu e Duque de Caxias e Belford Roxo lideram as estatísticas. Belford Roxo ocupa a terceira posição com 215 casos registrados entre 2012 a 2013.
Uma entre as milhares de vítimas, H. F., 19 anos, foi estuprada em junho de 2011, quando tinha 17. Era madrugada de sábado para domingo quando a jovem voltava sozinha de uma festa em Nilópolis. Ela já estava perto de casa quando foi abordada por um homem armado com uma faca.
Ameaçada, ela não pôde reagir e foi violentada quase duas horas. “Quando cheguei em casa, não contei para ninguém o que tinha acontecido e fui tomar banho. Eu me sentia suja”, lembra a vítima.
Sem coragem para se abrir com a mãe e a avó, com quem mora até hoje, ela confidenciou a um amigo o que tinha ocorrido naquela madrugada. No dia seguinte, ele a levou à Casa da Mulher Nilopolitana, espaço que oferece apoio psicológico às mulheres vítimas de violência.
“Aqui, as pessoas cuidaram de mim e me aconselharam a registrar a ocorrência na 57ª DP (Nilópolis). Tive algumas consultas com a psicóloga da casa e hoje consigo levar a vida de forma normal”, conta a jovem.A primeira reação que ele teve na ocasião é considerada normal pela psicóloga Cristina Santos Lima. Desde 2007 na Casa da Mulher Nilopolitana, ela já atendeu a 51 vítimas de estupro. “Muitas mulheres se sentem sujas. Têm vergonha de se olhar no espelho”, explica Cristina.
Segundo ela, o trauma de uma vítima de estupro varia a cada caso e pode causar consequências irreversíveis, para o resto da vida. “Há casos em que a mulher tem dificuldade em se relacionar sexualmente com outros parceiros, até mesmo as casadas”.
Uma entre as milhares de vítimas, H. F., 19 anos, foi estuprada em junho de 2011, quando tinha 17. Era madrugada de sábado para domingo quando a jovem voltava sozinha de uma festa em Nilópolis. Ela já estava perto de casa quando foi abordada por um homem armado com uma faca.
Ameaçada, ela não pôde reagir e foi violentada quase duas horas. “Quando cheguei em casa, não contei para ninguém o que tinha acontecido e fui tomar banho. Eu me sentia suja”, lembra a vítima.
Sem coragem para se abrir com a mãe e a avó, com quem mora até hoje, ela confidenciou a um amigo o que tinha ocorrido naquela madrugada. No dia seguinte, ele a levou à Casa da Mulher Nilopolitana, espaço que oferece apoio psicológico às mulheres vítimas de violência.
“Aqui, as pessoas cuidaram de mim e me aconselharam a registrar a ocorrência na 57ª DP (Nilópolis). Tive algumas consultas com a psicóloga da casa e hoje consigo levar a vida de forma normal”, conta a jovem.A primeira reação que ele teve na ocasião é considerada normal pela psicóloga Cristina Santos Lima. Desde 2007 na Casa da Mulher Nilopolitana, ela já atendeu a 51 vítimas de estupro. “Muitas mulheres se sentem sujas. Têm vergonha de se olhar no espelho”, explica Cristina.
Segundo ela, o trauma de uma vítima de estupro varia a cada caso e pode causar consequências irreversíveis, para o resto da vida. “Há casos em que a mulher tem dificuldade em se relacionar sexualmente com outros parceiros, até mesmo as casadas”.
Metade dos abusos acontecem em casaO caso da jovem estuprada em Nilópolis por desconhecido não é maioria dentro das estatísticas. Segundo a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu, Teresa Pezza, metade dos estupradores é parente ou conhecido e ataca crianças e jovens dentro de casa.
Maridos que usam violência e ameaçam suas parceiras para ter relação sexual representam 30% dos casos. “Apenas cerca de 20% dos estupros são de autoria de desconhecidos”, afirma a delegada.
Embora as estatísticas pareçam assustadoras, a delegada da 52ª DP (Nova Iguaçu), Juliana Emerique, explicaque o aumento dos registros de ocorrências se deve também a uma mudança comportamental. “As mulheres estão tomando coragem e denunciando mais”, diz a policial.
Outro fator para o aumento de casos, de acordo com a delegada da 52ª DP, foi uma alteração na legislação ocorrida em agosto de 2009, que mudou a concepção do que é estupro. Desde então, um simples passar de mão nas nádegas ou nos seios de uma mulher sem seu consentimento é considerado estupro. “Antes da mudança na lei, esses casos eram registrados como atentado violento ao pudor. Além disso, hoje a lei diz que o homem também pode ser vítima de estupro”, explica.
Delegado titular da 58ª DP (Posse), que registrou 54 dos 79 estupros notificados em Nova Iguaçu em setembro do ano passado, Marcos de Oliveira alega que a delegacia é responsável por uma das maiores regiões da Baixada Fluminense, o que leva a alto número de ocorrências.
Além disso, para ele, as vítimas estão confiando mais na polícia. “Quem vai à delegacia quer que o crime não fique impune. Conforme aumentam as notificações, crescem as prisões. É possível perceber maior número de presos por estupro”, diz.
Maridos que usam violência e ameaçam suas parceiras para ter relação sexual representam 30% dos casos. “Apenas cerca de 20% dos estupros são de autoria de desconhecidos”, afirma a delegada.
Embora as estatísticas pareçam assustadoras, a delegada da 52ª DP (Nova Iguaçu), Juliana Emerique, explica
Outro fator para o aumento de casos, de acordo com a delegada da 52ª DP, foi uma alteração na legislação ocorrida em agosto de 2009, que mudou a concepção do que é estupro. Desde então, um simples passar de mão nas nádegas ou nos seios de uma mulher sem seu consentimento é considerado estupro. “Antes da mudança na lei, esses casos eram registrados como atentado violento ao pudor. Além disso, hoje a lei diz que o homem também pode ser vítima de estupro”, explica.
Delegado titular da 58ª DP (Posse), que registrou 54 dos 79 estupros notificados em Nova Iguaçu em setembro do ano passado, Marcos de Oliveira alega que a delegacia é responsável por uma das maiores regiões da Baixada Fluminense, o que leva a alto número de ocorrências.
Além disso, para ele, as vítimas estão confiando mais na polícia. “Quem vai à delegacia quer que o crime não fique impune. Conforme aumentam as notificações, crescem as prisões. É possível perceber maior número de presos por estupro”, diz.
Terepia ajuda a amenizar trauma
Para amenizar o trauma e o sofrimento de uma vítima de estupro, a psicóloga Cristina Santos Lima explica que é fundamental fazer um trabalho de reflexão e autovalorização. Ela afirma também que a pessoa violentada nem sempre é a única vítima.
Para a psicóloga, embora seja um criminoso cruel, o estuprador deve ser visto dessa forma. “Muitos crescem sendo violentados ou presenciam cenas desse tipo entre o pai e a mãe, por exemplo”, explica.
Onde encontrar ajuda médicaEm Nova Iguaçu, o Hospital da Posse oferece médicos, psicólogos, enfermeiros e assistente social para o atendimento às vítimas. A Secretaria de Saúde da cidade vai realizar em setembro treinamento com 150 enfermeiros da rede que serão preparados para a realização de testes rápidos de sífilis, HIV e hepatite.
Este mesmo tratamento já pode ser encontrado durante 24 horas no PAM Meriti e na UPA Jardim Iris, em São João de Meriti. Em Caxias, as vítimas podem procurar tratamento no Hospital Municipal Moacyr do Carmo. Depois, no Centro Municipal de Saúde, recebem atendimento com enfermeiros e psicólogos.
Via Jornal O Dia
Por Raphael Bittencourt