BELFORD ROXO - O disco Random Acess Memories, do duo francês Daft Punk, vendeu 119 mil cópias na semana de lançamento, em maio. Até aí tu...
BELFORD ROXO - O disco Random Acess Memories, do duo francês Daft Punk, vendeu 119 mil cópias na semana de lançamento, em maio. Até aí tudo normal. O que chama a atenção são as 39 mil cópias vendidas em formato de vinil. Algo que pode soar estranho em tempos de digitalização da música. Mas não se trata de um caso isolado: 10 mil fãs da banda indie Vampire Weekend optaram pelo LongPlay em seu último lançamento. The National vendeu 7 mil cópias no formato.
Além disso, um número crescente de álbuns clássicos – incluindo a discografia dos Beatles, o início da carreira dos Rolling Stones e discos de Bob Dylan – tiveram reedições de vinil nos últimos anos. O Brasil não fica fora dessa moda. O selo Clássicos em Vinil, da Polysom, relançou álbuns como Samba Esquema Novo (1963), de Jorge Ben; Estudando o Samba (1976), de Tom Zé e a obscura trilogia psicodélica de Ronnie Von, lançada originalmente no fim da década de 1960.
Fábrica de vinil
A Polysom não fica só nos relançamentos. Os goianos da Banda Uó e seu disco Motel (2012) têm um vinil em catálogo no site da loja. O cantor Cícero e o projeto infantil de Adriana Calcanhoto, Partimpim, também saiu no formato. Tudo graças ao renascimento da fábrica localizada em Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro.
Fundada em 1999, a fábrica se viu chegar ao fim sete anos depois junto com o vinil. Foi reativada pelos proprietários da Deckdisc que viram a oportunidade de compra dos equipamentos e maquinários da antiga fábrica. Da mesma forma que acompanhou a queda do formato, se levantou graças a volta de interesse do público. A Polysom foi reestruturada e é hoje a única fábrica de vinil da América Latina.
João Augusto, atual proprietário da Polysom, é firme na convicção de que a era digital ajudou a reviver o interesse pelo vinil. “O digital é uma radicalização muito grande dos formatos de se reproduzir música e algumas pessoas ou sentiram saudades de lidar com o disco físico e a capa, no caso do mais velhos, ou se interessaram por conhecer como eram aqueles old times, no caso dos consumidores mais novos”, afirma.
Experiência
A tendência é tão forte que é possível encontrar em mega-stores nos shoppings da cidade toca discos a preços equiparáveis a de iPods, além de seções dedicadas a lançamentos e relançamentos do formato. Sem contar os sebos, que viram seus preços dispararem nos últimos anos. João Augusto tenta explicar esse fetiche que os consumidores tem com o formato físico.
“É fundamentalmente uma experiência tátil, visual e auditiva. Manusear as quase 200 gramas do disco nas mãos, colocá-lo no toca discos, observar artes estampadas em 31x 31cm (contra os 12cm do CD), ler o encarte e a contracapa, trocar de lado e ainda ouvir um som que tem vantagens cientificamente comprovadas sobre qualquer som digital, tudo isso faz com que o vinil seja encarado como um fetiche, um objeto de desejo”, diz.
Além disso, é uma nova possibilidade de público consumidor que aparece. Para o empresário, a digitalização está fazendo com que a música seja cada vez mais descartável, cada vez menos perene. Isso faz com que quem gosta de música, busque alternativas. “Acredito que possa ser criado um novo público se puder ser reproduzido um bom vinil ao lado do CD da mesma música. Ninguém deixa de perceber a diferença, por isso estamos tão seguros de que existe espaço para o vinil neste mundo digital. O formato pode não dominar inteiramente, mas vai proporcionar muitas alegrias”, acredita.
Coleção
O técnico em eletrônica, Fernando Silva, de 42 anos, parece atestar o que empresário diz sobre o prazer tátil dos discos de vinil. Atualmente tem mais de 2 mil discos em casa. Tudo começou quando o cunhado quis desfazer da coleção. Ficou com ela. Mas era de discos internacionais, como diz. Gosta mais de música sertaneja de raiz. Pegou gosto pelo negócio e foi adquirindo o que gosta. Hoje tem uma parte da casa dedicada só para a coleção.
Além disso, um número crescente de álbuns clássicos – incluindo a discografia dos Beatles, o início da carreira dos Rolling Stones e discos de Bob Dylan – tiveram reedições de vinil nos últimos anos. O Brasil não fica fora dessa moda. O selo Clássicos em Vinil, da Polysom, relançou álbuns como Samba Esquema Novo (1963), de Jorge Ben; Estudando o Samba (1976), de Tom Zé e a obscura trilogia psicodélica de Ronnie Von, lançada originalmente no fim da década de 1960.
Fábrica de vinil
A Polysom não fica só nos relançamentos. Os goianos da Banda Uó e seu disco Motel (2012) têm um vinil em catálogo no site da loja. O cantor Cícero e o projeto infantil de Adriana Calcanhoto, Partimpim, também saiu no formato. Tudo graças ao renascimento da fábrica localizada em Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro.
Fundada em 1999, a fábrica se viu chegar ao fim sete anos depois junto com o vinil. Foi reativada pelos proprietários da Deckdisc que viram a oportunidade de compra dos equipamentos e maquinários da antiga fábrica. Da mesma forma que acompanhou a queda do formato, se levantou graças a volta de interesse do público. A Polysom foi reestruturada e é hoje a única fábrica de vinil da América Latina.
João Augusto, atual proprietário da Polysom, é firme na convicção de que a era digital ajudou a reviver o interesse pelo vinil. “O digital é uma radicalização muito grande dos formatos de se reproduzir música e algumas pessoas ou sentiram saudades de lidar com o disco físico e a capa, no caso do mais velhos, ou se interessaram por conhecer como eram aqueles old times, no caso dos consumidores mais novos”, afirma.
Experiência
A tendência é tão forte que é possível encontrar em mega-stores nos shoppings da cidade toca discos a preços equiparáveis a de iPods, além de seções dedicadas a lançamentos e relançamentos do formato. Sem contar os sebos, que viram seus preços dispararem nos últimos anos. João Augusto tenta explicar esse fetiche que os consumidores tem com o formato físico.
“É fundamentalmente uma experiência tátil, visual e auditiva. Manusear as quase 200 gramas do disco nas mãos, colocá-lo no toca discos, observar artes estampadas em 31x 31cm (contra os 12cm do CD), ler o encarte e a contracapa, trocar de lado e ainda ouvir um som que tem vantagens cientificamente comprovadas sobre qualquer som digital, tudo isso faz com que o vinil seja encarado como um fetiche, um objeto de desejo”, diz.
Além disso, é uma nova possibilidade de público consumidor que aparece. Para o empresário, a digitalização está fazendo com que a música seja cada vez mais descartável, cada vez menos perene. Isso faz com que quem gosta de música, busque alternativas. “Acredito que possa ser criado um novo público se puder ser reproduzido um bom vinil ao lado do CD da mesma música. Ninguém deixa de perceber a diferença, por isso estamos tão seguros de que existe espaço para o vinil neste mundo digital. O formato pode não dominar inteiramente, mas vai proporcionar muitas alegrias”, acredita.
Coleção
O técnico em eletrônica, Fernando Silva, de 42 anos, parece atestar o que empresário diz sobre o prazer tátil dos discos de vinil. Atualmente tem mais de 2 mil discos em casa. Tudo começou quando o cunhado quis desfazer da coleção. Ficou com ela. Mas era de discos internacionais, como diz. Gosta mais de música sertaneja de raiz. Pegou gosto pelo negócio e foi adquirindo o que gosta. Hoje tem uma parte da casa dedicada só para a coleção.
“Guardo tudo numa estante para canto, com divisória. Como tenho muitos, não cabe tudo. Daí os que ouço menos deixo guardado em caixas mesmo. Minha esposa não gosta muito dessa ideia não. Me proíbe de comprar (risos). Ainda mais depois da última vez, que comprei de um amigo a coleção dele. Comprei uns 200 de uma vez. Ela ficou louca”, brinca.
Gosta de ouvir seus discos preferidos em casa no fim de semana, em momento só seu. Não ouve muito em CD. Só quando quer ouvir alguma coisa no carro; grava e ouve. Mas prefere mesmo escutar no seu canto. Mesmo porque, acredita que a sonoridade do vinil é melhor. “Não é a mesma coisa. Como dizem, o som do vinil é melhor, mais completo”, diz. E guarda tudo com cuidado. Inclusive tem alguns que são considerados raros.
“A maioria dos discos que tenho estão bem conservados. Os meus preferidos estão em bom estado de conservação, com poucos arranhões. Aqueles que estão mais arranhados eu nem ouço, estraga a agulha. Tenho um disco, por exemplo, que já vi a venda por R$ 300 na internet; o primeiro do Chitãozinho e Xororó. E o meu está sem arranhões, com a capa intacta e perfeita. Acredito que vale muito”, afirma.Nova Geração
O funcionário público André Garcia, de 27 anos, é de outra geração, mas mantém a paixão pelos discos de vinil. Está montando sua coleção. Tudo de rock clássico. Tem a discografia quase completa dos Beatles. Discos adquiridos recentemente, nessa leva de revalorização do formato. Ele segue a tendência de achar que o vinil possui características mais interessantes que as outras formas de se ouvir música.
“O fato de que eu sempre ouvi muita coisa das décadas de 1960, 1970 e 1980 e aquelas músicas eram lançadas em discos. Comprar um disco pra mim é ter o álbum em sua forma original, o jeito que era na época. Pra completar, quando se trata de capas que são verdadeiras obras de arte, como as do Pink Floyd, por exemplo, o tamanho do vinil faz toda diferença. A capa de Sgt Pepper’s em CD fica ridícula”, critica.
Ainda Monstro Discos
A ideia da Monstro Discos, desde seu surgimento, em 1998, sempre foi lançar vinil. Empreendimento contra a maré, já que na época, o formato estava desaparecendo e o CD tomando protagonismo. O slogan era “Os comapctos mais chiques do Brasil”. Compacto são aqueles discos de 7 polegadas, coloridos e com apenas duas faixas. Quando apareceu a revolução digital liderada pelo iPod, continuaram a acreditar nos formatos físicos.
O empresa tomou forma, ganhou nome e apareceu para todo o País. Virou também produtora, para dar conta dos festivais que promovem. O Goiânia Noise Festival e a Mostra Trash de Vídeo independente, além de inúmeros shows durante o ano pela Cidade. Viu as formas de consumir música mudar com o tempo. O CD, os compactos, a fita K-7, o VHS, vendiam de tudo. Mas tiveram que se adaptar, hoje vendem somente compactos e CDs. Ainda assim, a queda nas venda foi substancial nos últimos anos.
Leonardo Razuk, diretor de marketing do selo, garante que nunca deixarão de lançar música desta forma. Seja em compacto ou CD. Mas vê o avanço do vinil com reservas. “Esse crescimento é meio fantasioso. São dados que revelam muito mais um crescimento interno de um nicho. Se ninguém comprava o formato, agora um passou a comprar, o crescimento estatístico foi substancial, não?”, diz.
Prefere acreditar que trabalha para um tipo específico de consumidor. As tiragens de compactos são bem pequenas, coisa de 300 ou 400 exemplares por lançamento. O compacto mais vendido pela gravadora foi o Guerra Civil Canibal, do Ratos de Porão. Vendeu 800 cópias. “Comprar compacto, vinil, é fetiche, é charmoso, bom para guardar. Algo para quem gosta do formato mesmo, de colecionar, para apreciador. Tem cliente de vinil que nem tem toca discos para ouvir. Compra para ter guardado, porque acha bonito”, afirma
“A maioria dos discos que tenho estão bem conservados. Os meus preferidos estão em bom estado de conservação, com poucos arranhões. Aqueles que estão mais arranhados eu nem ouço, estraga a agulha. Tenho um disco, por exemplo, que já vi a venda por R$ 300 na internet; o primeiro do Chitãozinho e Xororó. E o meu está sem arranhões, com a capa intacta e perfeita. Acredito que vale muito”, afirma.Nova Geração
O funcionário público André Garcia, de 27 anos, é de outra geração, mas mantém a paixão pelos discos de vinil. Está montando sua coleção. Tudo de rock clássico. Tem a discografia quase completa dos Beatles. Discos adquiridos recentemente, nessa leva de revalorização do formato. Ele segue a tendência de achar que o vinil possui características mais interessantes que as outras formas de se ouvir música.
“O fato de que eu sempre ouvi muita coisa das décadas de 1960, 1970 e 1980 e aquelas músicas eram lançadas em discos. Comprar um disco pra mim é ter o álbum em sua forma original, o jeito que era na época. Pra completar, quando se trata de capas que são verdadeiras obras de arte, como as do Pink Floyd, por exemplo, o tamanho do vinil faz toda diferença. A capa de Sgt Pepper’s em CD fica ridícula”, critica.
Ainda Monstro Discos
A ideia da Monstro Discos, desde seu surgimento, em 1998, sempre foi lançar vinil. Empreendimento contra a maré, já que na época, o formato estava desaparecendo e o CD tomando protagonismo. O slogan era “Os comapctos mais chiques do Brasil”. Compacto são aqueles discos de 7 polegadas, coloridos e com apenas duas faixas. Quando apareceu a revolução digital liderada pelo iPod, continuaram a acreditar nos formatos físicos.
O empresa tomou forma, ganhou nome e apareceu para todo o País. Virou também produtora, para dar conta dos festivais que promovem. O Goiânia Noise Festival e a Mostra Trash de Vídeo independente, além de inúmeros shows durante o ano pela Cidade. Viu as formas de consumir música mudar com o tempo. O CD, os compactos, a fita K-7, o VHS, vendiam de tudo. Mas tiveram que se adaptar, hoje vendem somente compactos e CDs. Ainda assim, a queda nas venda foi substancial nos últimos anos.
Leonardo Razuk, diretor de marketing do selo, garante que nunca deixarão de lançar música desta forma. Seja em compacto ou CD. Mas vê o avanço do vinil com reservas. “Esse crescimento é meio fantasioso. São dados que revelam muito mais um crescimento interno de um nicho. Se ninguém comprava o formato, agora um passou a comprar, o crescimento estatístico foi substancial, não?”, diz.
Prefere acreditar que trabalha para um tipo específico de consumidor. As tiragens de compactos são bem pequenas, coisa de 300 ou 400 exemplares por lançamento. O compacto mais vendido pela gravadora foi o Guerra Civil Canibal, do Ratos de Porão. Vendeu 800 cópias. “Comprar compacto, vinil, é fetiche, é charmoso, bom para guardar. Algo para quem gosta do formato mesmo, de colecionar, para apreciador. Tem cliente de vinil que nem tem toca discos para ouvir. Compra para ter guardado, porque acha bonito”, afirma